“Faca de Ponta” reúne a troca de cartas entre duas mulheres desconhecidas, que se confessam uma à outra. A história percorre abusos sexuais, violências de gênero, depressão e a experiência com um filho transexual. A revelação dos segredos das personagens, convocada pelo acolhimento anônimo, produz uma profunda reflexão sobre a condição feminina. Uma história de ficção, tecida com elementos reais da vida de todas as mulheres.

O nome “Faca de Ponta” refere-se ao sentimento defensivo que se instala desde cedo em cada menina e adolescente exposta à violência. Assim desabafa Clô, uma das personagens do livro:

“Não peguei no sono naquela noite, soluçando o desamparo e me perguntando onde estaria minha mãe. O dia amanheceu e eu dormi nos braços do pavor. E da certeza de que não existia nenhum lugar seguro no mundo. Não sei o que veio depois. A imagem que segue é da faca de ponta. Minha companheira a partir dessa noite. E a vontade de estripar e extirpar qualquer fera que atravancasse meu caminho. E a vontade de amputar qualquer mão não autorizada que encostasse em minha carne.”