Um famosíssimo verso de Terêncio diz: “Nada do que é humano me é estranho”. Certos versos do poema “sol negro”, de Sambaqui, dizem, ao contrário: “ tudo o que é humano/se tornou estranho “. Ora, sem dúvida por ter desejado que nada do que é humano lhe fosse estranho, o autor de Sambaqui tornou-se capaz de reconhecer e aceitar, olho no olho, a estranheza que de fato se abate sobre tudo o que é humano. Nesse reconhecimento e nessa aceitação, Sambaqui atinge seus mais admiráveis momentos, em diversos poemas de estranha, concisa e tensa beleza. Como dizem os versos finais do poema “salsugem”: “o que já foi / meu um dia / hoje / é alimento / da poesia”. É por não se furtar ao corpo a corpo com a estranheza da vida, da morte, da linguagem, do silêncio, da finitude, enfim, que não raras vezes – e, a cada uma dessas vezes, pela eternidade de um segundo, qual “gota de orvalho na manhã do Saara” – a poesia aqui triunfa.
Sambaqui
- Editora : Crisálida; 1ª edição (1 janeiro 2011)
- Idioma : Português
- Capa comum : 64 páginas
- ISBN-10 : 8587961667
- ISBN-13 : 978-8587961662
- Dimensões : 21 x 13.8 x 0.8 cm
por Edson Cruz (Autor)